Descarbonizante, trigo pode ser próxima fronteira agrícola de MT

Descarbonizante, trigo pode ser próxima fronteira agrícola de MT

30 de março de 2023

A aposta é de Jorge Lemainski, presidente da Embrapa Trigo e palestrante da tarde de hoje na Parecis SuperAgro

 

O trigo tropical é a próxima fronteira agrícola a se desenvolver em Mato Grosso, e não apenas por ser uma opção viável de rotação com a soja. Com efeito descarbonizante, sua importância aumenta no momento atual, em que o setor produtivo busca soluções para ampliar ainda mais as práticas sustentáveis e a redução da pegada de carbono da atividade agropecuária.

 

A análise foi feita hoje à tarde pelo pesquisador Jorge Lemainski, presidente da Embrapa Trigo e palestrante da Parecis SuperAgro, que ocorre até amanhã (31) em Campo Novo do Parecis.

 

“Comprovamos cientificamente o efeito descarbonizante do trigo. Estudo de caso de 2022 considerou a associação trigo/soja e, de acordo com os dados, no cultivo do trigo houve um ‘sequestro’ de 520g de CO² e no da soja, de 884g”, pontua o pesquisador.

 

Um dos motivos para isso é o comportamento das raízes do trigo, que ajuda a estruturar mais o subsolo, retendo mais água e dando mais estabilidade e resiliência à lavoura. “O que fixa a água no solo não é a palhada, mas a raiz. Por isso digo que, ao contrário do que se diz, a agricultura é parte da solução do problema do aquecimento global, e não a causadora”, argumenta.

 

Além dos efeitos mitigadores de carbono, existe o aspecto comercial da cultura. “É a mesma lógica do milho. O trigo associado a culturas como a soja permite a geração de receita ao longo de todo o ano”, compara. Embora o senso comum seja pensar na indústria da panificação como principal cliente, o trigo é matéria-prima também para a cadeia produtiva de carnes (que o emprega para produzir ração, pasto e silagem), de biocombustíveis (na produção de etanol) e de grãos (seja para exportação ou uso como planta de serviço).

 

Em 2022, o consumo de trigo no Brasil foi de 12,4 milhões de toneladas, sendo que a produção foi de 10,6 milhões tons – ou seja: 1,8 milhão precisou ser importado. O maior produtor nacional é o Rio Grande do Sul, responsável por 54,3% da produção em 2022, segundo dados da Conab.

 

Na região Centro-Oeste, Mato Grosso do Sul, Goiás e Distrito Federal juntos produzem 1,8% do volume nacional (194 mil toneladas). Em Mato Grosso, maior produtor de grãos do Brasil, ainda não há produção do cereal.

 

Em menos de 50 anos, o Brasil quintuplicou a produção de trigo, dobrando a produção em quatro anos e tornando-se autossuficiente de cinco anos para cá. “Mas, por questões de mercado, o principal produtor, Rio Grande do Sul, optou por exportar parte do volume produzido”. Isso porque boa parte do trigo cultivado no Brasil Central é considerado premium.

 

“A Embrapa trabalha hoje para desenvolver cultivares propícias para atender a demanda de ração animal, em caráter de substituição ao milho”, informou Lemainski. Atualmente, o portfólio da empresa de pesquisa brasileira soma mais de 120 cultivares disponíveis.

 

Organizada pelo Sindicato Rural de Campo Novo do Parecis, a Parecis SuperAgro continua amanhã com duas palestras e visitação a estandes no Parque de Exposições Odenir Ortolan. Para conferir a programação na íntegra, clique https://bit.ly/psaprogramacao.

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